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About Marcelo Nova
O baiano Marcelo Nova é um típico roqueiro das antigas, no bom sentido. Sua postura sempre estará de acordo com o bom e velho rock'n'roll e certamente você o ouvirá falar mal de guitarristas como Eddie Van Halen, por demasiado "californiano" para o gosto vintage do cantor. O ex-líder da banda de punk rock Camisa de Vênus continua vivenciando o começo da carreira de sua banda, que não lhe escapa de referências tanto da mídia quanto dos fãs, tamanha a impressão que deixou no começo da década de 80 - os anos de ouro do rock nacional. O mais recente trabalho de Marcelo é uma coletânea, em que teve a saudável idéia de incluir material novo no lançamento da Som Livre Direct: 20 faixas inéditas. Tijolo na Vidraça traz três CDs e 49 músicas que vão de parcerias entre Marcelo e Raul Seixas e Eric Burdon (vocalista clássico da invasão britânica com o The Animals) até versões roqueiras clássicas de Bob Dylan e Led Zeppelin. As 20 inéditas são canções de Marcelo e da antiga banda, Camisa de Vênus. Entre elas, Bomba Relógio, Ambulante, Não Sei o que Fazer e Um Lugar para Deus. Aliás, para os que vão atrás dos clássicos do grupo, que nunca foram vertidos para a bolachinha digital, estão Eu não Matei Joana D'Arc e Sinca Chambord. Mas falando em Camisa de Vênus, que foi onde tudo começou para Marcelo, o grupo foi fundado em 1982 com Gustavo Adolfo e Karl Franz Hummel nas guitarras, Robério Santana no baixo e Aldo Pereira na bateria. A grande sacada foi o próprio nome da banda. Em pleno final de ditadura, o nome "Camisa de Vênus" suscitava idéias "divertidas" para os adolescentes da época, quase como um nome proibido que tinham de falar às escondidas. Hits e Envergadura Moral E a idéia foi justamente essa, de certa forma, como o próprio Marcelo definiu ao dizer que representava algo "incômodo e desagradável como o som do grupo". A Som Livre foi a primeira gravadora a contratar os jovens do Camisa, quando os mesmos se mudaram de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1983. O nome do disco não podia ser outro senão Camisa de Vênus. O primeiro hit foi Bete Morreu, já incorporado ao imaginário Músical de quem tem perto de 30 anos. E a Som Livre mesmo percebeu que o nome do grupo soava "incômodo" demais para o seu catálogo, o que fez com que o Camisa de Vênus debandasse para a RGE. Batalhões de Estranhos, primeiro disco pela nova gravadora, imortalizou Eu Não Matei Joana D'Arc, um hino do punk rock dos anos 80. Nova mudança de casa sonora, agora para a Warner, com o disco Correndo o Risco e o sucesso Simca Chambord. A cada vinil (era nesse tempo ainda) um hit e Duplo Sentido, de 1987, não foi diferente. Muita Estrela, Pouca Constelação marcou o início da parceria de Marcelo nova com outro ídolo do rock nacional, Raul Seixas. Pouco depois, o Camisa foi enterrado provisoriamente. O cantor, no entanto, seguiu com Raul Seixas, com quem gravou um disco em 1989 (Panela do Diabo), e uma nova banda, a Envergadura Moral. Com ela, gravou dois discos (Marcelo Nova & A Envergadura Moral e Blackout), ainda pela Warner. A volta do Camisa, meio misturado com integrantes do Envergadura, aconteceu em 1994, com dois discos, Camisa de Vênus Ao Vivo - Plugado!, de 1996, e Quem É Você?, de 1997. Em 1998 veio Eu Vi o Futuro, Baby. Ele é Passado, com o cantor montado em uma moto na capa. Grampeado em Público veio em 1999. Depois de tudo disso, Marcelo continua com sua fiel jornada roqueira - queiram os amantes de Eddie Van Halen ou não. Ricardo Ivanov